O MARTINISMO RUSSO


O MARTINISMO RUSSO
Pelo Amado irmão Ahmad

fonte 
"O Martinismo Tradicional. História - Doutrina - Teurgia" 
de Jorge Francisco Ferro

A cadeia dos Superiores Incógnitos na Rússia se remonta à transmissão efetuada pelo próprio Saint-Martin ao mais seleto círculo de seus discípulos reunidos na "Sociedade dos Íntimos" ou dos "Sábios Incógnitos" entre os quais se contavam vários membros da alta aristocracia russa. Assim, foram iniciados por Saint-Martin em pessoa: o príncipe Simeon Worontzor, embaixador russo em Londres; o príncipe Alexis Barisowitz Galitzin, iniciado em 1780 na Suíça; o príncipe Alexander Barisowitz Kurakin e os Condes Norkov e Vasily Nikolaievich Zinoviev; o Professor Universitário Ivan G. Schwartz.

Da última década do século XVIII até a Revolução Comunista de 1917 a cadeia dos S.'.I.'. na Rússia foi composta por membros da família real, sábios, aristocratas, membros do alto clero ortodoxo, escritores, militantes, artistas etc. Entre muitos outros podemos mencionar o príncipe Tcherkasky, o brigadeiro Tchukow, o doutor Bagrinasky, o Conde Alexei Kirilovich Razumovsky, o Barão Scherender etc.

O Irmão Alexander Feodorivich Lebzin foi iniciado em uma das Lojas Martinistas da cadeia de Novikov. Em 1800 foi fundador e Venerável Mestre da Loja "A Esfinge Morrente" (Umiraiuchtch Sfinska) de São Petesburgo. Desta Loja-Mãe emanou, também, sob sua direção outra Loja que praticava o chamado grau "Teoricus" (Teoretichekiai Sobraniaia) dos Rosa+Cruzes alemães, a qual durou desde sua fundação até 1820, aproximadamente. Essa Loja deu origem, por sua vez, às chamadas "Uniões Martinistas" (Martinistkia Shodbchtcha).

A partir de 1910, aproximadamente, começaram a se constituir Lojas de S.'.I.'. tais como a "Leo Ardens" e "São João" em Moscou; "Estrela Nórdica" e "Apolo" em São Petesburgo, além das que existiam naquela cidade; "Santo André" em Kiev; "Delphinus" em Tífflis; "Cruz e Estrelas" ou de "São Vladimir" em Tsarskoie-Sélo no mesmo Palácio Imperial, sendo que seu Grão-Mestre era o Czar Nicolau II. Segundo alguns relatos certo dia na Loja "Cruz e Estrelas", o Czar Alessandro II anunciou à assembléia que "de agora em diante a Irmã e o Irmão Romanoff não poderão assistir mais às reuniões...".

Todos os presentes compreenderam imediatamente que se tratava de uma exigência imposta por Gregory Rasputin, zeloso da influência de Papus e seu "Martinismo" sobre a família real, devido à cura do Czarevich. Como se sabe Papus foi visitar a família imperial russa, onde teve um confronto com Rasputin. Essa foi uma batalha mágica célebre. Papus voltou à França e, mais uma vez, retornou à Rússia, só que dessa vez trouxe consigo Mestre Philippe de Lyon ( Nota Hermanubis – veja a história da vida do Mestre Philippe de Lyon na sessão Biografias do site). Rasputín, dessa vez, levou a pior. Nessa ocasião o Czarevich foi curado por Mestre AMO.

Papus foi à Rússia nos anos de 1901, 1905 e 1906, pois encontrou o ramo da "Sociedade dos Íntimos" constituída por Saint Martin naquele país incólume, o que não havia acontecido na França. 
Papus foi reiniciado na tradição de Saint-Martin pelos russos. Nesse meio tempo estabeleceu algumas lojas do recém "Martinismo" criado por ele, o que causou uma desconfiança imediata dos S.'.I.'. russos, que consideravam sua "Ordem" apócrifa e espúria.

Até a revolução de 1917 a cadeia dos S.'.I.'. russos estava organizada em três grupos principais: 
1) O Soberano Capítulo "São João Apóstolo" com sede em Moscou, dirigido pelo Fil.'.Desc.'. Piotr Kasnatcheff, hermetista e alquimista, herdeiro da chamada "tradição Novikov" dos S.'.I.'. moscovitas. Possuía o grau de Teoricus dos Rosa+Cruzes de Ouro alemães.

2) O Soberano Capítulo "Apolônio de Tiana" de São Petesburgo, dirigido pelo Fil.'.Des.'. Gregory Otthovich von Mebes, nascido na Suécia e radicado e naturalizado Russo. Este reiniciou a Papus na tradição dos S.'.I.'., sendo que também estabeleceu um grupo Martinista da recém Ordem criada por Papus.

3) O Soberano Capítulo "Santo André Apostólo", dirigido pelo Fil.'.Desc.'. Sergei Marcotun.

Desde a revolução Comunista de 1917 até o ano de 1926 a cadeia dos S.'.I.'. russos foi ignorada. Em 1903 o Irmão Alexander Feodorivich Labzin, S.'.I.'. e Fil.'.Desc.'. propôs o seguinte: "Enquanto a atmosfera da Rússia não seja purificada do absolutismo, as sociedades secretas esotéricas não deverão se manifestar à luz pública, mas continuarão trabalhando sob o véu do segredo a fim de que os Irmãos não tenham que sofrer, no caso de que se desencadeiem novas perseguições.". Fiéis às propostas de Labzin os S.'.I.'. continuaram seus trabalhos, reunindo-se secretamente em grupos pequenos, nos castelos, no campo e nas residências de alguns membros. Desta forma não foram afetados por novas perseguições.

Desafortunadamente em 1926 o Irmão Boris Astromov rompeu essa prática de silêncio e apresentou a Stálin uma solicitação para legalizar a cadeia da "Sociedade dos Íntimos", aos Rosa+Cruzes russos da Fama Fraternitatis e a outras organizações Iniciáticas. O resultado, como se esperava, foi catastrófico: as Lojas Martinistas e Rosa+Cruzes foram imediatamente fechadas pela Polícia Secreta e seus membros presos. A primeira vítima fatal foi o próprio Astromov e mais trinta Irmãos Martinistas e Rosa+Cruzes. Todos foram submetidos a processo secreto nos tribunais políticos, sem direito a defesa e todos foram condenados de acordo com o artigo 58 do Código Bolchevique: "Por pertencer a organizações burguesas contra revolucionárias". Muitos foram condenados à morte, outros ao campo de concentração

Novamente a Polícia Secreta fez uma investigação e em 1930 detectou novas atividades Martinistas. Desta vez a repressão foi muito mais forte e drástica. Muitos foram fuzilados sem nenhum julgamento. Os que foram levados a julgamento foram condenados a prisão perpétua nos campos de concentração. 
Dessa infelicidade houve o caso de uma Irmã, chamada Mariana Pürgoldt, de apenas 27 anos, que faleceu em um campo de concentração, logo após de ter sido presa, por inanição.

Depois de 1930 o trabalho Martinista na Rússia não cessou, apesar das perseguições e a cadeia tradicional foi preservada, ainda que a modalidade operativa havia sofrido grandes mudanças, pois foi reduzida a Irmãos solitários ou a pequenos grupos sem conexão entre si.

Por sua parte o Irmão Sergei Marcotun, que foi membro do governo da Ucrânia até 1917 e tratou, por todos os meios, de manter a seu país fora da Revolução Comunista. O Soberano Capítulo "Santo André Apóstolo" continuou trabalhando até 1920. Exilado na França reagrupou alguns Irmãos de origem ucraniana e russa que haviam fugido da perseguição e fundou o Capítulo "Renascimento" com Carta Patente datada de 22 de dezembro de 1920 dada por Jean Bricaud, Grão-Mestre de uma das tantas "Ordens Martinistas" em que se dividiu a originária depois da morte de Papus. Posteriormente o nome foi mudado para Capítulo "Santo André Apóstolo nº 2". Na Ata de fundação dessa Loja há uma série de importantes Martinistas da tradição Russa. O fundador desta Loja, Sergei Marcotun, publicou na França dois livros que contém parte das doutrinas dos S.'.I.'. russos, intitulados "A Via Iniciática", Paris, 1956 e "A Ciência Secreta dos Iniciados", Paris, 1928.

Durante a ocupação nazista da França, de 1940 a 1945, aproximadamente, o Soberano Capítulo "Santo André Apóstolo, nº 2" se reuniu regularmente. De 1945 a 1953 este Capítulo funcionou normalmente, mas neste último ano o Fil.'. Desc.'. Marcotun se retirou para a Espanha, sem nomear sucessor. Em 1969 autorizou a um Irmão do Soberano Capítulo "Santo André Apóstolo, nº 2" a reorganizá-lo em herança direta dos Soberanos Capítulos "Santo André Apóstolo, nº2" e "São João Apóstolo" de Moscou com uma Carta Patente emitida no mês de Julho. 

Fonte: Hermanubis

O Martinismo Imorredouro


O MARTINISMO IMMOREDOURO

Entre as fronteiras que constituem estas diferentes ordens o martinismo subsiste, eterno. Sua vocação é a de reunir os "homens de Desejo", isto é, homens de boa vontade com um "algo mais" espiritual. E nisto ele não mudou nada desde Jacob Boebme, os Rosacruzes e os Filósofos Desconhecidos, Dom Martinez de Pasqually, Louis-Claude de Saint-Martin, Papus e seus sucessores. Se os homens precisam de estruturas, estatutos, registros, a verdadeira espiritualidade os transcende.

O martinismo está muito próximo de uma tradição maçônica desde que, entre 1778 e 1782, um maçom lionês, chamado Jean-Baptiste Willermoz, discípulo de Martinez de Pasqually e amigo de Saint-Martin, cria um regime maçônico em ruptura completa com os costumes e usos da maçonaria de sua época, impregnada de espírito aristocrático, mais parecendo um clube mundano do com uma sociedade iniciática. Este regime maçônico, o Regime Escocês Retificado (RER), dispensa nos seus diversos graus escalonados um ensinamento próximo do martinismo puro. 

Nos seus rituais, como em suas instruções, encontramos conteúdos inteiros do pensamento martinista. A despeito das múltiplas turbulências, esta maçonaria continua existindo principalmente na França, na Suíça e na Itália (e mais recentemente no Brasil - NT).

Na França, algumas lojas deste rito são compostas basicamente por martinistas instruídos a chamada "Cavalaria Cristã", como dizia Papus ao apresentar o martinismo. Mas também poderíamos qualificar os martinistas como "servidores do conhecimento verdadeiro". 

"Utopistas de um mundo de amor e paz" , eis uma bela divisa para aqueles que querem trabalhar para o advento de uma sociedade mais justa e mais fraterna. Pois o papel do martinista é também servir de exemplo de cidadão, ele jamais será um eremita, mas viverá no meio da torrente com todos os outros homens, seus irmãos, para insuflar-lhes, pelo seu comportamento, sua amizade e sua compaixão O "Verdadeiro De desejo".

Extrato da Revista Francesa L Initiation. 

REGISTRO DE ENTERRO DE MARTINEZ DE PASQUALLY
























Em Português:

"Neste dia 21 setembro de 1774 foi sepultado no cemitério o corpo de Joachim Dom Martinès de Pascali Delatour escudeiro nativo da paróquia de Nossa Senhora (Notre Dame) da cidade e diocese de Grenoble com cerca de 48 anos, casado em Bordeaux com Srta.Colla em fé do qual eu assinei com o Sr. Collin e Sr. Driau,presentes ao dito funeral. Guerin, Driau, Lafaurie"
En Français:

"Cejourd'hui 21 septembre 1774 a été enterré dans le cimetière le corps de Joachim Dom Martinès de Pascali Delatour écuyer natif de la paroisse Notre Dame de la ville et diocèse de Grenoble âgé d'environ 48 ans, marié à Bordeaux avec mademoiselle Colla en foi de quoi j'ai signé avec monsieur Collin et mr Driau, présents audit enterrement. Guerin, Driau, Lafaurie"
In English:

“On this day September 21, 1774 was buried in the cemetery the body of Joachim Dom Martinès de Pascali Delatour squire native of the parish of Notre Dame of the city and diocese of Grenoble aged around 48, married at Bordeaux with Miss Colla. I have signed with Mr. Collin and Mr. Driau present auditfuneral. Guerin, Driau, Lafaurie”


Fonte: Anom Archives  pg.49


Processo de Regeneração





Purificai-vos, pedi, recebei e agi. 

Toda a Obra esta nesses quatros tempos:

Purificai-vos, Ecce Homo
Pedi, O Homem de Desejo
Recebei O Novo Homem
E Agi, O Ministério do Homem-Espírito

"O Processo de Regeneração segundo L.C.S.M" 

Bibliografia do Filósofo Desconhecido



Bibliografia do Filósofo Desconhecido 
Por um Servidor Incógnito

"Dos Erros e da Verdade" 
A tese desse livro é a de que pelo conhecimento de sua própria natureza o homem pode alcançar o conhecimento do seu Criador e de toda a criação, bem como as leis fundamentais do Universo, das quais encontra reflexo na lei feita pelo homem. Sob essa luz foi mostrada a importância do livre-arbítrio.

"Tábua Natural das relações que existem entre Deus, o Homem e a Natureza" 
O homem teria sido privado de suas aptidões e seus meios superiores por ter mergulhado na matéria tão profundamente que nisso perdeu a consciência de sua natureza original, que tinha antes da queda e que era um reflexo da imagem de Deus. Com essa queda o homem ter-se-ia afastado do quadro de seus próprios direitos e deixaria de ser um elo entre Deus e a natureza.

"O Homem de Desejo" 
Nessa obra vemos a influência da doutrina de Boehme. Essa obra lembra um dos salmos que exprime o ardor da alma para com Deus e deplora a alma do homem, seus erros e pecados, sua cegueira e sua ingratidão. Nessa obra, Saint-Martin viu a possibilidade de um retorno do homem a seu estado primitivo. Mas esse retorno só seria possível com o abandono da vida do pecado e seguindo os ensinamentos do Redentor Jesus Cristo, o Filho de Deus, que desceu das alturas de Seu trono celestial por amor a toda humanidade.

"Ecce Homo" 
Saint-Martin adverte para o perigo de buscar a excitação das emoções das experiências mágicas de baixo nível, das premonições, dos diversos fenômenos que não passam de expressões de estado psico-físicos anormais do ser humano.

"O Novo Homem" 
Nesse livro é tratado o pensamento como um órgão de renascimento que permite penetrar no mais profundo do ser humano e descobrir a verdade eterna de sua natureza. A alma do homem é um pensamento de Deus.

"Do Espírito das Coisas" 
Nesse livro o autor declara que o homem, criado à semelhança de Deus, pode penetrar no seio do Ser que está oculto por toda a Criação e que graças a sua clara visão interior, ele é capaz de ver e reconhecer as verdades de Deus depositada na Natureza. A luz interior é um reflexo que ilumina as formas.

"O Ministério do Homem Espírito" 
Aqui o Filósofo Desconhecido completa todas as indicações precedentes, apresentando um objetivo que não é diferente, qual seja, o da ascensão de uma alta montanha. O homem escala impelido por uma necessidade interior e no antegozo da vitória, que traz a liberdade após tribulações e sofrimentos. É a volta do filho pródigo ao Pai, sempre cheia de caridade e perdão. Isso é alcançar a unidade perfeita com Ele: "O Pai e eu somos um".

"Dos Números" 
Trata-se de urna obra inacabada, mas contém muitas indicações importantes que não poderiam ser encontradas em outra parte. Ele analisou os números de um ponto de vista metafísico e místico. Nos números encontrou uma confirmação da queda e do renascimento do homem.

"O Crocodilo" 
Descreve , através de um poema épico de 102 cantos, a maneira como o mal se insinua nas coisas sagradas e com perfídia ele destila seu veneno para destruir aqueles que são cegos e insensíveis. Mas o mal dispõe de um tempo limitado e pode ser facilmente reconhecido por sinais discerníveis; não pode iludir aqueles que tem a visão da consciência, que observa, e são cavalheiros de nobres desígnios.

"Nova Revelação" 
Saint-Martin trata nessa obra do livre-arbítrio. o homem pode alcançar toda a verdade pelo conhecimento de sua própria natureza mediante todas as aptidões que ele tem: físicas, intelectuais e espirituais. Deve compreender profundamente a ligação que existe entre sua consciência e seu livre-arbítrio.

Nas obras póstumas do Filósofo Desconhecido foram publicados certos escritos curtos de sua autoria, dentre os quais são destaques: "Pensamentos Escolhidos, numerosos fragmentos éticos e filosóficos, poesias incluindo "o Cemitério de Amboise", "Estrofe Sobre a Origem e o Destino do Homem", além de meditações e preces. 

Louis-Claude de Saint-Martin era um cavalheiro empenhado na busca da luz. Foi reconhecido como um dos maiores místicos da França, mas a obra de sua vida não se limitou às coisas que escreveu. Toda a sua existência foi dedicada à ideia de um grande renascimento da humanidade e ele desencadeou um eco profundo, não somente na França mas também no Oeste e no Leste da Europa.

S.I.

O Cristograma de Constantino


O Cristograma de Constantino

O lábaro (labarum, em latim) de Constantino é um cristograma de Jesus Cristo, do qual existem diversas formas. É formado a partir das letras gregas.

O Imperador Romano Constantino I (no poder 306-337) criou um novo padrão militar para ser exibido juntamente com o seu exército, este símbolo apresenta as primeiras duas letras gregas da palavra Cristo que veio a ser conhecido como o lábaro.

A etimologia da palavra antes de ser usada por Constantino não é clara. De acordo com Lactâncio, Constantino sonhou com este emblema e uma voz dizendo "Neste sinal conquistarás" (In hoc signo vinces). Ao acordar ordenou aos seus soldados que pusessem o emblema nos seus escudos; nesse mesmo dia lutaram contra as tropas de Magêncio e ganharam a Batalha da Ponte Mílvia (312), fora de Roma.

A mitologia discorda caracteristicamente nos detalhes, mas em todos os casos os detalhes são importantes, nunca ao acaso. Escrevendo em grego, Eusébio de Cesareia (falece 339), o bispo que escreveu a primeira história geral sobrevivente das primeiras igrejas cristãs, deu duas versões adicionais da famosa visão de Constantino:

  • De acordo com a Historia ecclesiae ("História da Igreja"), o Imperador viu a visão na Gália a caminho de Roma, muito antes da batalha com Magêncio: a expressão como é dada foi "Nisto, vence!".
  • Numa posterior memória hagiográfica do Imperador que Eusébio escreveu depois da morte de Constantino ("Na Vida de Constantino" 337-339), a visão miraculosa viera quando os exércitos rivais se encontraram na Ponte Mílvia. Nesta versão posterior, o Imperador ponderara a questão lógica de infortúnios que caem sobre exércitos que invocam a ajuda de diversos deuses diferentes, e decidiu procurar ajuda divina na batalha que se avizinhava no Único Deus. Ao meio-dia Constantino viu uma cruz de luz sobre o Sol. Junto a ela vinha o dito In hoc signo vinces. Não só Constantino, mas todo o exército vira o milagre. O moderno biógrafo de Constantino, o historiador Ramsey MacCullen, comenta: "Se o escrito no céu foi visto por 40.000 homens, o verdadeiro milagre cai no inquebrável silêncio desses mesmos sobre tal acontecimento" (Constantino, 1969). Nessa noite Cristo aparecera ao Imperador num sonho e dissera-lhe que fizesse uma réplica do sinal que tivera visto no céu, que seria uma defesa concreta na batalha. Assim, o elemento do milagre público reinforça o elemento do sonho privado.

O controverso geólogo sueco Jens Ormo sugere que o segundo acontecimento tem as suas origens no facto de Constantino ter testemunhado a nuvem em forma de cogumelo provocada pelo impacto do meteorito que acredita ter resultado na cratera de Sirente situada no Parque Regional de Sirente-Velino, Abruzzo, Itália. Esta teoria, que não é apoiada pelos principais historiadores, vai contra os mesmos problemas da teoria "milagrosa" - o facto de uma gigantesca nuvem em forma de cogumelo teria sido notada e comentada por muitas pessoas. 

Além disso, é difícil perceber como poderia ter sido confundida com um símbolo Lábaro. A teoria de Ormo anda lado-a-lado com uma longa linha de tentativas pseudo-científicas para encontrar explicações racionais de visões e milagres, tal como as escrituras de Velikovsky.

Na arte medieval, o tema do lábaro é incerto pela sua ausência, aparecendo de repente na Renascença e nos períodos clássicos, onde a expressão é frequentemente mostrada escrita no céu.

Eusébio poderá ter achado que o sonho mitema por si só precisaria de um reinforço. Sobre o milagre, escreveu em Vita que o próprio Constantino lhe teria contado esta história "e confirmou-o com juramentos," mais tarde "quando fui considerado merecedor do seu reconhecimento e de sua companhia". "Exactamente," diz Eusébio, "tivesse outro que não ele contado esta história, não teria sido fácil de aceitá-la."

Entre os muitos soldados referidos no Arco de Constantino, que foi erigido apenas três anos depois da batalha, o lábaro não aparece, nem há qualquer pista da afirmação miraculosa de protecção divina que tivera sido testemunhada, nem com Eusébio, entre outros tantos. Uma grande oportunidade para o tipo de propaganda política onde o Arco teria sido expressamente construído se na história de Eusébio se pudesse confiar. A sua inscrição diz, na realidade, que o Imperador salvara a res publica INSTINCTU DIVINITATIS MENTIS MAGNITUDINE ("por instinto divino e por grandiosidade de mente"). 

Que divindade não é identificada, apesar de Deus Sol Invicto (também identificado por Apolo ou Mitra) estar inscrito na cunhagem de Constantino por esta altura.

Na sua Historia Ecclesiae Eusébio continua, dizendo que, depois da sua entrada vitoriosa em Roma, Constantino erigiu uma estátua de si, "segurando o sinal do Salvador (a cruz) na sua mão direita.". Não há quaisquer outros relatos a confirmar tal monumento.

Desde então tem sido interpretado por cristãos por todo o mundo como um símbolo de cristandade. Porque é composto pela combinação chi e ró é por vezes referido como o "monograma de Cristo". Cristãos Protestantes, especialmente os Restauracionistas, rejeitam o seu uso por acreditarem ser de origens pagãs - especificamente, um símbolo do deus sol - e pela falta de uso dos primeiros cristãos, apesar de estar já em grande uso por cristãos do século III, maioritariamente em sarcófagos.

A interpretação do seu uso como um símbolo especificamente cristão é, no entanto, reforçado pelo facto de Juliano, O Apóstata, o ter removido da sua insígnia e tê-lo restaurado para uso dos seus sucessores cristãos.

Fonte: Hermanubis